quinta-feira, 14 de março de 2013
Uma avaliação do meu exagero com a Igreja
Fui batizado em 14 de Janeiro 2003, uma terça-feira de frio, faltando 5 dias para os meus 27 anos de idade. Eu era membro de uma Igreja exclusivista, de pouco mais de 400 membros, e estava disponível o tempo todo para qualquer serviço na Igreja, e também disposto a fazer tudo pelos irmãos.
Em pouco meses de convertido, eu já ministrava os serviços de Ofertas e Ceia. Cheguei a trabalhar na editora da Igreja. Fui convidado para ajudar em mais duas outras congregações. Pregava e ensinava na Escola Dominical. Culto pela manhã, tarde e noite. Eu tinha me tornado um ativista religioso. Isso durou cerca de 1 ano. Sentia cansaço físico e emocional. Abrir mão de diversão e lazer aos Domingos para me dedicar integralmente. A história não podia acabar bem. Me desentendi com a liderança. Fui chamado para uma reunião, e o líder, com o dedo em riste, disse que não precisava mais de mim. Eu nunca imaginei que um dia isso iria acontecer comigo. Fiquei em choque e decepcionado. Chorei. Abandonei as três congregações.
Eu precisava voltar a congregar, pois sabia que me isolando não me ajudaria. Escolhi então me reunir com um grupo de cristãos, também exclusivistas, num local onde cabia cerca de 250 membros. Contei minha história e me sentir melhor acolhido. Mas eu estava magoado e por 1 ano fiquei apenas como expectador. Não queria me envolver. Até que após esse período, me apresentaram como novo membro, e novamente em poucas semanas acumulei várias funções, bem mais que as três congregações juntas anteriores !
Cheguei a pregar nas quartas e também aos Domingos (pela manhã e a noite, no mesmo dia !), ministrei Oferta e Ceia, dirigir reunião dos homens, ensinei na Escola Dominical, fiz escala para serviços na Igreja, viajei para uma cidade do interior juntamente como um evangelista dos Estados Unidos que veio com este propósito de ajudar a Igreja. Quando estava em passeio em Florianópólis, fui convidado a visitar alguns moradores que recebia nosso folhetos e estudos evangelisticos. E o drama se repetiu.
Em um Domingo de 2006, na mesma noite, após uma pregação minha em cima do texto do segundo capítulo de Marcos, um membro da liderança questionou meu ensino (entre outras coisas falei da possibilidade de ter caído pó do telhado ao descer o paralítico), e disse que os membros não gostaram do que falei na pregação, pois o que eu disse não estava na Bíblia. Não se podia pensar diferente.
Eu sou apenas um exemplo, entre milhares de outras pessoas, que se envolveram completamente com a Igreja (o i maiúsculo é proposital - me refiro a instituição e não à todos os membros) sem avaliar as consequências. Desejei agradar ao Senhor com toda a minha força e acabei passando do limite. Confiei quase cegamente na liderança e terminei me decepcionando. Me sentir um exército de um homem só. Enfrentar as forças opostas tem um custo pessoal e emocional grande. Para evitar mais choques e conflitos, deixei a congregação.
Desde 2007 sou um "sem-Igreja". Nunca deixei de ir em outras congregações e denominações, mas sem aquela "obrigação" de todo domingo. Fragilizado, acabei criando um bloqueio. Hoje exerço a vida cristã de maneira mais equilibrada. Minha visão de "não deixar de congregar" mudou. Não quero que o ativismo religioso tome conte da minha agenda. Nunca deixei de ser cristão, mas não me imagino passar por tudo aquilo de novo. Fiquei 3 anos vivendo de acordo com fórmulas e ritos. Seu eu ficasse mais tempo, isso me levaria a consequências devastadoras. Talvez você também, há de admitir que, em determinados períodos de sua caminhada espiritual, principalmente logo após a conversão, cometeu exageros em nome da fé.
Muitos que se decepcionam com a Igreja, abandonam não somente o grupo religioso, mas também a Cristo. Mas eu busquei novos caminhos. Sem perder a fé, estou no momento de reconstrução. Foi muito difícil romper com tudo, mas percebi o quanto é mais simples ser cristão sem ser religioso e viver sem querer provar nada para ninguém.
Os primeiros anos na fé são delicados, pois é preciso adaptar-se a um modelo de vida totalmente novo. O conselho que eu precisava ouvir quando me convertir e que lhe dou, é que não aceite algum cargo se perceber que o intuito é manter você mais envolvido com o grupo. Participar de atividades não vai gerar um você maturidade cristã. Ao contrário, vai levar você, como aconteceu comigo, ao cansaço e decepção.
Os líderes dever sem sábios para intervir nos excessos. Devem ser capazes de acompanhar aqueles que estão chegando. É preciso ensinar aos novos convertidos o quanto é importante o equilíbrio do tempo gasto nas atividades na igreja e as reponsabilidades para com a família, trabalho, estudo e lazer. É preciso dar a cada área da vida a atenção necessária. Não é sadio passar mais tempo no prédio da igreja do quem em casa.
Manter uma capa de religiosidade, e passar uma imagem que está imune a problemas que eu passei, é um erro. Muitos falam que não ficam estressados. Não é bem assim. Uns resistem melhor do que os outros a enfrentamentos com os irmãos, mas as discussões são um indicativo que que algo não está bem.
Você precisa parar e repensar sua caminhada com Cristo. A prática da oração, leitura bíblica, e um ambiente amigável sem cobranças, são os alicerces para o amadurecimento, crescimento na fé, e uma jornada de liberdade com Cristo, sem tantos compromissos com a igreja local. A diminição do tempo na Igreja não se traduz em empobrecimento espiritual. Você pode sim, oferecer pouco tempo à igreja e, viver com intensidade a espiritualidade cristã.
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