segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Professor: será que é isso mesmo o que eu quero ?

Hoje na sala de aula, Marcelo Teixeira, me disse: escrevi um texto pra colocar no seu blog. Uau! fiquei surpreso e alegre ao mesmo tempo. Surpreso porque há meses que eu tinha pedido algum texto deste meu amigo e brilhante escritor, autor do blog Mais Cultura Brasileira ! (maisculturabrasileira.blogspot.com.br). E feliz, porque teria, enfim, o privilégio, de ter um texto no meu blog, de um cara com uma inteligência e um esforço digno de mestres.

Eis o texto na sua íntegra:

"Professor: será que é isso mesmo o que eu quero ?

Com  tantos  dilemas  e  desafios  educacionais,  conflitos igualitários,  desafios  diários  e  a  luta permanente  pela educação brasileira, há uma pergunta pertinente que precisa urgentemente  de  uma resposta  cabível  de  pensamentos estratégicos: será que é isso mesmo o que eu quero para o meu futuro?

Ser professor numa metrópole como São Paulo ou  Rio  de  Janeiro  ou  nos  cafundós  escondidos  do  sertão nordestino, cada qual com sua cultura e seus trejeitos, suas ramificações  e  seus paradigmas, ser educador numa seara com grandes dificuldades  facultativas  torna-se,  ao  mesmo tempo, sedutor e desafiador, estimulador e característico de ressalvas problemáticas, em que o sistema nos impõe limites, mas a prática nos prega pragas.

Para tanto, ser professor requer muito mais que ser educador: é ser plausível de uma luta constante pela identidade de um  aluno,  pela perseverança de uma criança indefesa, pela sensibilidade de um adulto sagaz, pelo crescimento de ideias e pelo caráter de um ser humano. Requer, acima de tudo, muita dedicação, muita afetividade, muita garra, perseverança e muita capacidade em poder manter uma classe numerosa em silêncio, impondo seus conhecimentos  e  seu  respeito.

Ser  professor  é  saber procurar distinguir o certo do errado, o sujeito obscuro do objeto  perverso,  o adjetivo  vulnerável  do  substantivo incompleto,  do  verbo  imperativo  para  o  verbo  conjugado numa preposição indigesta entre o saber e a epistemologia.

Em minhas viagens pelo Nordeste brasileiro, pude conhecer alunos  que  moravam longe  de  suas escolas,  mas  que  não perdiam  a  chance  de  irem  à  escola  ao  menos  para aprenderem  o alfabeto.  Conheci  professores  que  faziam questão de ensinar e conheci professores que faziam de tudo para que seus alunos não perdessem aulas.

Ser professor é ter a capacidade de poder ensinar ao próximo aquilo  que sabe, que adquiriu, que absorveu. E é a realização plena deu ma sabedoria sem fim. Mas será que é possível, nos dias de hoje, com a tecnologia avançada, com alunos rebeldes, com diretoria  atrasada,  com leis  não  cumpridas, com sistemas burocráticos,  ser  professor?

Ainda  não  tenho  a  resposta concreta e precisa, mas sei que podemos lutar pela educação brasileira e retirar de suas mazelas a sabedoria de um futuro melhor, com alunos mais determinados ao conhecimento e a sensatez de uma categoria digna de um respeito profundo."

E no cabeçalho do e-mail que recebi do texto que ele me enviou, estava escrito: Espero que goste ! Ahhh...meu amigo, como não gostar ? Você me deu um texto bem escrito, coerente, e muito objetivo. Você se expôs de forma sincera suas dúvidas e reflexões, não apenas sobre o papel do professor, mas o desafio de ser educador. E isso de uma forma apaixonada.

Espero, de coração, que você continue tendo foco no que faz;
Que você termine seu curso com maestria;
Que você continue sendo este líder de classe, não apenas com ótima oratória, mas com exemplos de comportamento que todos nós nos espelhamos.

Enfim, Marcelo Teixeira, lhe desejo esperança, não do verbo "esperar", que é uma simples espera. Quero que tenha esperança do verbo "esperançar": não desistir, ir atrás dos seus objetivos e confiar cada vez mais em si mesmo. Você pode! Você consegue !


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