quarta-feira, 1 de abril de 2015

Cabeça bem cheia não quer dizer cabeça bem feita



Há pessoas que têm menor bagagem cultural, mas têm uma inteligência mais madura e prática em comparação das que têm muita cultura.

Uma cabeça bem feita permite o melhor desenvolvimento das suas habilidades profissionais, intelectuais e emocionais. É uma cabeça apta para organizar os conhecimentos, fazendo uma seleção do que vale a pena aprender e reter este aprendizado.

O pensador e sociólogo francês Edgar Morin considera que a nova escola deveria estimular a todos uma formação para capacitá-los a ter o que ele chama de conhecimento pertinente.
Ou seja, uma conhecimento prático, eficaz, útil. Para ele, o conhecimento progride não tanto por sofisticação, formalização e abstração, mas, principalmente, pela capacidade de contextualizar e englobar.

"Na escola primária nos ensinam a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar.
Obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor, e não a recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso entendimento.
Em tais condições, as mentes jovens perdem suas aptidões naturais para contextualizar os saberes e integrá-los em seus conjuntos"(Morin, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina. 19ª ed. Rio de Janeiro - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. p. 15).

Assim, para ele, temos dois tipos de reflexão hoje em dia, os cabeça-cheia e os que tem a cabeça-feita.

Os cabeça-cheia têm o saber pelo saber sem um critério de seleção e organizado que lhe dê sentido.
Os outros, os cabeça-feitas, por outro lado, têm uma inteligência geral mais abrangente em relação à vida, na sua busca em resolução dos seus problemas. Ou seja, uma cabeça bem feita, é diferente de uma cabeça bem cheia de conhecimentos teóricos sem relação direta com a vida.

Quando eu abro meu e-mail, ou acesso meu Facebook, na verdade, vejo o quanto minha cabeça anda mais cheia do que feita !

Sugiro foco em uma área do seu de interesse para o verdadeiro aprendizado. No meu caso estou focado em História e Teologia. Mas é importante também não perdermos a visão do todo, para não cairmos na mega-especialização.

O que diferencia os gênios das pessoas medianas não é a quantidade de conhecimentos que têm, mas sim a sua qualidade.


Um comentário:

  1. Vou partir de uma ideia simbólica do que é cabeça cheia e cabeça bem feita: para termos quaisquer das duas cabeças, é preciso, antes de mais nada, de informação. O excesso da informação, a globalização, o acesso aos meios internéticos facilitaram a vida das pessoas que conseguem preencher a cabeça com banalidades superficiais e excluem de sua memória o verdadeiro atrativo na qual a situação lhes permite o acesso único para obter a tal informação e, consequentemente, evoluir para uma cabeça pensante, bem feita. Talvez a denominação de cabeça cheia requer fluir da teoria de que tudo o que lemos, absorvemos e captmos seja coerente com a situação atual de querermos estar sempre antenado com tudo isso. Mas até que ponto podemos usufruir desta realidade plena para sabermos o que é bem resolvido mentalmente do que é descartável psicologicamente? O conteúdo na qual temos acesso diariamente, a leitura, a música, as conversas paralelas e o alto grau de notícias veinculadas na TV e no rádio fazem com que a nossa cabeça fique cheia, mas sem ter a informação precisa, certeira, direta e necessária. Os conflitos igualitários tendem entrelaçar com as oportunidades de trabalho, roda de amigos, confidências, a novela, os jogos e tudo isso estira a nos prender aos desafios e realidades para que tenhamos uma cabeça cheia, mas não bem feita. O saber importante da magnitude filosófica fica mais claro e objetivo quando temos uma organização clara e pacificadora daquilo que queremos obter como informação geral para o nosso conteúdo pessoal e intrínseco. Para toda e qualquer forma de conteúdo é preciso de um conhecimento, um estudo, uma lábia e uma pauta e não há, em hipótese alguma, uma maneira de obter conhecimento sem estudos ou sem dogmas (doutrina ou crença que significa literalmente o que se pensa é verdade. Trata-se de verdades impostas em uma religião ou uma ideologia, sendo considerada ponto fundamental e indiscutível de uma crença). O papel da escola, no entanto, deixou de ser modelo para futuras cabeças pensantes? Não. A informação fornecida pelo professor é adquirido de pessoa a pessoa e atribui às suas cabeças a informação que quer, da maneira que quer. Esse aluno pode receber informações deturpadas ou não, dependendo do que sua memória afetiva lhe oferece. Sua cabeça poderá estar cheia de informações dadas pelo professor, mas quanto porcento desta aprendizagem ele conseguiu absorver para que tenha, futuramente, uma cabeça bem feita? Para tanto, ter a cabeça cheia pode significar, também, ter uma visão distorcida daquele que tem, por parâmetros, uma cabeça com conteúdos, com argumentos, com afinidades sobre a sua forma de pensar, agir e sustentar suas ideias.

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