terça-feira, 27 de outubro de 2015
Não rejeite ninguém. Ninguém mesmo !
Como você reagiria se soubesse que cerca 400 milhões de crianças no mundo são chamadas de "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” ? Você ficaria chateado, triste ou tentaria saber a razão disso ?
Pois é. Isso ocorre porque essas crianças tem um transtorno neurobiológico, de causas genéticas. que se chama Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida com sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
O que essas crianças fazem ?
Essas crianças tem muitas dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores, pois não param quietas por muito tempo. Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos.
Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano: são muito esquecidos, inquietos, e "colocam os carros na frente dos bois".
E por que ?
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
E o que causou pra essas crianças serem assim ?
Antes quero lhe dizer que aspartame, deficiência hormonal (principalmente da tireoide), e deficiências vitamínicas na dieta não causam TDAH. Todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente e foram desacreditadas. E antes que eu esqueça, problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
E agora vamos a causa e vou ser bem direto: predisposição genética. Vale aqui lembrar que eu não disse determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. Envolve vários genes, e não um único gene.
Outra possível causa são as substâncias ingeridas na gravidez: como a nicotina e o álcool. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção.
Outra possível causas é o que chmamos de sofrimento fetal: mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. Ou seja, a carga genética que a própria mãe tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.
Exposição a chumbo:Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.
Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Mas outros estudos recentes têm refutado esta ideia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).
Depois de tudo isso agora vc percebe que alguns genes podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, mas não podemos também esquecer das influências ambientais como fatores da cauda do TDAH.
E eu com isso ?
Voltando ao texto inicial da nossa conversa, como vc deve reagir ? Ou melhor dizendo, como você deve lidar com crianças e adultos com TDAH ?
Reforçe o que há de melhor na pessoa com TDAH.
Não faça comparações. Não esperar ‘’perfeição’’.
Não cobre resultados, cobre empenho.
Elogie! O estímulo nunca é demais.
Manter limites claros e consistentes, relembrando-os frequentemente.
Use português claro e direto, de preferência falando de frente e olhando nos olhos.
Escolher cuidadosamente a escola e a professora para que a criança possa obter sucesso no processo de ensino-aprendizagem.
Manter em casa um sistema de código ou sinal que seja entendido por todos os membros da família.
O quarto não pode ser um local repleto de estímulos diferentes: um monte de brinquedo, pôsteres, etc.
Usar um sistema de reforço imediato para todo o bom comportamento da criança.
Nenhuma atividade que requeira concentração (estudo, deveres de casa) pode ser muito prolongada.
Intercale coisas agradáveis com tarefas que demandam atenção prolongada (potencialmente desagradáveis, portanto).
Use mural para afixar lembretes, listas de coisas a fazer, calendário de provas. Também coloque algumas regras que foram combinadas e promessas de prêmio quando for o caso.
Procure o máximo de informações possível sobre o TDAH: leia livros, faça cursos, etc.
Lembre-se que o ser humano com TDAH está sempre tentando corresponder às expectativas, mas às vezes não consegue.
Incentivar as brincadeiras com jogos e regras, pois além de ajudar a desenvolver a atenção, permitem que a criança organize-se por meio de regras e limites e, aprenda a participar, ganhando, perdendo ou mesmo empatando.
Texto adaptado do site http://www.tdah.org.br - Associação Brasileira do Déficit de Atenção
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Professor: será que é isso mesmo o que eu quero ?
Hoje na sala de aula, Marcelo Teixeira, me disse: escrevi um texto pra colocar no seu blog. Uau! fiquei surpreso e alegre ao mesmo tempo. Surpreso porque há meses que eu tinha pedido algum texto deste meu amigo e brilhante escritor, autor do blog Mais Cultura Brasileira ! (maisculturabrasileira.blogspot.com.br). E feliz, porque teria, enfim, o privilégio, de ter um texto no meu blog, de um cara com uma inteligência e um esforço digno de mestres.
Eis o texto na sua íntegra:
"Professor: será que é isso mesmo o que eu quero ?
Com tantos dilemas e desafios educacionais, conflitos igualitários, desafios diários e a luta permanente pela educação brasileira, há uma pergunta pertinente que precisa urgentemente de uma resposta cabível de pensamentos estratégicos: será que é isso mesmo o que eu quero para o meu futuro?
Ser professor numa metrópole como São Paulo ou Rio de Janeiro ou nos cafundós escondidos do sertão nordestino, cada qual com sua cultura e seus trejeitos, suas ramificações e seus paradigmas, ser educador numa seara com grandes dificuldades facultativas torna-se, ao mesmo tempo, sedutor e desafiador, estimulador e característico de ressalvas problemáticas, em que o sistema nos impõe limites, mas a prática nos prega pragas.
Para tanto, ser professor requer muito mais que ser educador: é ser plausível de uma luta constante pela identidade de um aluno, pela perseverança de uma criança indefesa, pela sensibilidade de um adulto sagaz, pelo crescimento de ideias e pelo caráter de um ser humano. Requer, acima de tudo, muita dedicação, muita afetividade, muita garra, perseverança e muita capacidade em poder manter uma classe numerosa em silêncio, impondo seus conhecimentos e seu respeito.
Ser professor é saber procurar distinguir o certo do errado, o sujeito obscuro do objeto perverso, o adjetivo vulnerável do substantivo incompleto, do verbo imperativo para o verbo conjugado numa preposição indigesta entre o saber e a epistemologia.
Em minhas viagens pelo Nordeste brasileiro, pude conhecer alunos que moravam longe de suas escolas, mas que não perdiam a chance de irem à escola ao menos para aprenderem o alfabeto. Conheci professores que faziam questão de ensinar e conheci professores que faziam de tudo para que seus alunos não perdessem aulas.
Ser professor é ter a capacidade de poder ensinar ao próximo aquilo que sabe, que adquiriu, que absorveu. E é a realização plena deu ma sabedoria sem fim. Mas será que é possível, nos dias de hoje, com a tecnologia avançada, com alunos rebeldes, com diretoria atrasada, com leis não cumpridas, com sistemas burocráticos, ser professor?
Ainda não tenho a resposta concreta e precisa, mas sei que podemos lutar pela educação brasileira e retirar de suas mazelas a sabedoria de um futuro melhor, com alunos mais determinados ao conhecimento e a sensatez de uma categoria digna de um respeito profundo."
E no cabeçalho do e-mail que recebi do texto que ele me enviou, estava escrito: Espero que goste ! Ahhh...meu amigo, como não gostar ? Você me deu um texto bem escrito, coerente, e muito objetivo. Você se expôs de forma sincera suas dúvidas e reflexões, não apenas sobre o papel do professor, mas o desafio de ser educador. E isso de uma forma apaixonada.
Espero, de coração, que você continue tendo foco no que faz;
Que você termine seu curso com maestria;
Que você continue sendo este líder de classe, não apenas com ótima oratória, mas com exemplos de comportamento que todos nós nos espelhamos.
Enfim, Marcelo Teixeira, lhe desejo esperança, não do verbo "esperar", que é uma simples espera. Quero que tenha esperança do verbo "esperançar": não desistir, ir atrás dos seus objetivos e confiar cada vez mais em si mesmo. Você pode! Você consegue !
Eis o texto na sua íntegra:
"Professor: será que é isso mesmo o que eu quero ?
Com tantos dilemas e desafios educacionais, conflitos igualitários, desafios diários e a luta permanente pela educação brasileira, há uma pergunta pertinente que precisa urgentemente de uma resposta cabível de pensamentos estratégicos: será que é isso mesmo o que eu quero para o meu futuro?
Ser professor numa metrópole como São Paulo ou Rio de Janeiro ou nos cafundós escondidos do sertão nordestino, cada qual com sua cultura e seus trejeitos, suas ramificações e seus paradigmas, ser educador numa seara com grandes dificuldades facultativas torna-se, ao mesmo tempo, sedutor e desafiador, estimulador e característico de ressalvas problemáticas, em que o sistema nos impõe limites, mas a prática nos prega pragas.
Para tanto, ser professor requer muito mais que ser educador: é ser plausível de uma luta constante pela identidade de um aluno, pela perseverança de uma criança indefesa, pela sensibilidade de um adulto sagaz, pelo crescimento de ideias e pelo caráter de um ser humano. Requer, acima de tudo, muita dedicação, muita afetividade, muita garra, perseverança e muita capacidade em poder manter uma classe numerosa em silêncio, impondo seus conhecimentos e seu respeito.
Ser professor é saber procurar distinguir o certo do errado, o sujeito obscuro do objeto perverso, o adjetivo vulnerável do substantivo incompleto, do verbo imperativo para o verbo conjugado numa preposição indigesta entre o saber e a epistemologia.
Em minhas viagens pelo Nordeste brasileiro, pude conhecer alunos que moravam longe de suas escolas, mas que não perdiam a chance de irem à escola ao menos para aprenderem o alfabeto. Conheci professores que faziam questão de ensinar e conheci professores que faziam de tudo para que seus alunos não perdessem aulas.
Ser professor é ter a capacidade de poder ensinar ao próximo aquilo que sabe, que adquiriu, que absorveu. E é a realização plena deu ma sabedoria sem fim. Mas será que é possível, nos dias de hoje, com a tecnologia avançada, com alunos rebeldes, com diretoria atrasada, com leis não cumpridas, com sistemas burocráticos, ser professor?
Ainda não tenho a resposta concreta e precisa, mas sei que podemos lutar pela educação brasileira e retirar de suas mazelas a sabedoria de um futuro melhor, com alunos mais determinados ao conhecimento e a sensatez de uma categoria digna de um respeito profundo."
E no cabeçalho do e-mail que recebi do texto que ele me enviou, estava escrito: Espero que goste ! Ahhh...meu amigo, como não gostar ? Você me deu um texto bem escrito, coerente, e muito objetivo. Você se expôs de forma sincera suas dúvidas e reflexões, não apenas sobre o papel do professor, mas o desafio de ser educador. E isso de uma forma apaixonada.
Espero, de coração, que você continue tendo foco no que faz;
Que você termine seu curso com maestria;
Que você continue sendo este líder de classe, não apenas com ótima oratória, mas com exemplos de comportamento que todos nós nos espelhamos.
Enfim, Marcelo Teixeira, lhe desejo esperança, não do verbo "esperar", que é uma simples espera. Quero que tenha esperança do verbo "esperançar": não desistir, ir atrás dos seus objetivos e confiar cada vez mais em si mesmo. Você pode! Você consegue !
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