Todos nós nos arrependemos de algo: um hobby que foi abandonado sem motivo, uma palavra grosseira que falamos ou uma mentira que dissemos que não gostamos de lembrar. Até mesmo uma linda mulher que se foi......
O casamento é a minha aposta na tentativa de ser feliz. Nunca chamei relacionamento de "projeto". Nem de "investimento". Mas compreendo quem usa essas palavras, porque no fim das contas você "deposita" confiança, expectativa, faz planos até sem querer. Quando eu começo a namorar não demora muito e estou pensando quando vai ser o casamento. Mas ainda não aconteceu.....
E estas más experiências e perdas me ensina a viver. Elas me torna mais humano, falíveis, flexíveis. É desse ponto frágil que experimento a compaixão por outros casais que se separam, e que sofrem por isso. Conhecendo o gosto da aflição eu posso ser solidário com conhecimento de causa. O ganho dessa possibilidade de compaixão pelo outro com base em minha própria dor, já é suficiente para me perdoar dos erros e incompreensões do passado.
Toda escolha que fiz incluiu uma perda. Perde-se de um lado, mas ganha-se de outro. O problema é que tem gente que odeia perder. Deseja muito o que o outro tem e os que desejam tudo para si, sem querer abrir mão de nada. Querem ganhar sempre e não se arrepender nunca de nenhuma decisão. Ora, isso é pouco humano, uma mentira de onipotência.
Outro erro frequente: não se pode julgar uma decisão minha do passado com os olhos do presente. O que eu fiz, hoje não faria mais. Todos nós, se tivéssemos o olhar que temos hoje de alguns desvios de rota que fizemos no passado, seria pouco provável que nos perdêssemos neles. Mas nos esquecemos disso, geralmente por causa do peso da culpa. A culpa e o perfeccionismo são as duas piores doenças da alma. Em outras palavras, nós nos cobramos por uma perfeição que não existe na espécie humana. A palavra arrependimento, em grego, é metanoia, que quer dizer mudança de direção. Erramos, admitimos o erro, procuramos remediá-lo e mudamos de caminho. Só isso. É um longo aprendizado aprender a lidar com o erro de uma maneira firme, mas sem peso.
Para ser amados e aceitos, ou por amar mais aos outros que a nós mesmos, muitas vezes fazemos grandes sacrifícios.A questão real é que muitas vezes isso é feito condicionalmente, como uma espécie de troca. Nós nos sacrificamos pelos outros, mas achamos que eles nos devem na mesma proporção. Quando não há reconhecimento e mesmo o sacrifício não é aceito, é comum a pessoa se arrepender amargamente.
Eu não posso decidir pelos outros. Eles têm todo o direito de não concordar com aquilo que eu julgo ser bom para eles. Por isso, ser mais fiel a si mesmo e só fazer sacrifícios de forma incondicional pode ser um bom norte para não se lamentar mais tarde. O desejo de viver uma vida mais verdadeira e não a vida que outros esperam de nós é o primeiro grande arrependimento. Sem mentiras, sabe ?
Essa atitude é fundamental para um novo apaixonar-se, pois o amor exige a exposição ao sofrimento e uma coragem. Sem tudo aceitar e sem encantar-se com tudo, corre-se o risco de não saborear a vida. A maior solidão que se fecha, que se recusa a se dar uma nova chance no amor. E, se um dia nos arrependermos de nossa ousadia, ilusão e engano, também não há problema. O mundo é assim. Está tudo certo.